sábado, 19 de março de 2011

Capsulite Adesiva

A região do ombro é formada por três articulações sinoviais - esternoclavicular, acromioclavicular e glenoumeral e uma articulação fisiológica, a Escapulotorácica.
A combinação dos movimentos coordenados das quatro articulações distintas, os músculos e as estruturas periarticulares envolvidos permitem que o braço e a mão sejam posicionados no espaço para uma ampla variedade de funções. O resultado é uma amplitude superior a de outras articulações do corpo
O ombro pode ser sede de uma variedade de lesões e que as causas que concorrem para o desenvolvimento dos distúrbios do ombro são variáveis. Esses distúrbios são raros antes dos 40 anos e aumentam na faixa de 50 a 60 anos, continuando a crescer a partir dos 70 anos.
Segundo Magee e Oliveira, a dor e a diminuição da amplitude de movimento articular no ombro é extremamente comum, comprometendo a biomecânica dessa articulação, podendo ser causada por uma doença intrínseca, por uma patologia de estruturas periarticulares ou pode ser originárias de patologias localizadas na coluna cervical, no tórax ou nas vísceras. Comumente, a patologia está relacionada ao nível de atividade e a idade do paciente e estes fatores podem ter um papel importante para auxiliar o diagnóstico e monitorar o tratamento.
A capsulite adesiva ou ombro congelado é, dentre as síndromes dolorosas do ombro, a que mais tem suscitado controvérsias, tanto do ponto de vista diagnóstico como terapêutico. Isso se deve aos aspectos ainda obscuros da sua etiopatogenia, à sua história natural e características clínicas semelhantes às da distrofia simpático-reflexa e principalmente a sua associação com doenças aparentemente sem relação direta com o ombro.
O diagnóstico precoce e preciso é essencial para o início do tratamento correto. O ombro congelado apresenta-se com um conjunto complexo de sintomas, em vez de uma entidade específica de tratamento.
Embora alguns autores pensem que um componente inflamatório conduza à rigidez no ombro, não se conhece ao certo a exata natureza e papel da inflamação. Em geral, qualquer processo que leve a uma restrição gradual da amplitude de movimentos poderá causar a contratura dos tecidos moles, e a uma rigidez dolorosa (WEINSTEIN, 2000).
Freqüentemente afeta o ombro não dominante de indivíduos entre 40 e 60 anos, sendo maior a porcentagem de acometimento entre as mulheres. O surgimento dessa patologia é insidioso, muitas vezes relacionado a períodos de desuso do ombro, de evolução arrastada, associada ou não a outras doenças e que, em muitos casos pode evoluir espontaneamente para a cura, ocorrendo em média dois anos após o início dos sintomas (KISNER; COLBY 2005; HEBERT et al. 2003; HALL; BRODY, 2001; WEINSTEIN, 2000).
Os sinais e sintomas comuns  é a dor mal localizada mesmo em repouso, principalmente noturna, que costuma diminuir a intensidade em algumas semanas; rigidez articular fibrosa de origem capsular, a qual encontra-se espessada, inelástica e friável (HEBERT et al., 2003).
Ocorre restrição dos movimentos passivos e ativos principalmente da articulação glenoumeral. Comumente, a rotação interna, externa, elevação e abdução, são as limitações mais acentuadas. Uma das características marcantes dessa patologia segundo Hebert et al. (2003) é a presença constante de bloqueio da rotação interna e externa do ombro.
A evolução clínica consta de três fases ou estágios distintos, denominados fase dolorosa, aguda ou hiperálgica; fase de rigidez, enrijecimento ou congelamento e fase de descongelamento (HEBERT et al., 2003; HALL; BRODY, 2001).
A fase dolorosa é marcada pelo início insidioso dos sintomas. A dor noturna cresce em intensidade, podendo ser acompanhada de fenômenos vasculares como sudorese palmar e axilar; a mobilidade do ombro é bastante dolorosa e os movimentos de abdução, rotação interna e externa diminuem rapidamente (HALL; BRODY, 2001). A média de duração dessa fase é de três a seis meses, podendo variar de acordo com autores.
A fase de rigidez é marcada por dificuldades de movimentação do ombro afetado mesmo para realizar atividades diárias simples como vestir-se ou pentear-se, devido à presença de grande rigidez articular. A dor principalmente noturna diminui de intensidade e deixa de ser contínua. Os movimentos rotacionais apresentam-se com bloqueio. Essa fase dura em média 12 meses, podendo também haver variações (Ferreira/Filho, 2005).
Na terceira e última fase ocorre à liberação progressiva dos movimentos. A elasticidade cápsuloligamentar começa a ser restaurada, entretanto, a completa recuperação da mobilidade do ombro pode não ser completa e pode estender-se até vinte e quatro meses a partir do início dos sintomas (Ferreira/Filho, 2005).
Várias modalidades clínicas e fisioterapêuticas são realizadas com os pacientes acometidos com o propósito de aliviar a dor e retornar os movimentos funcionais. O tratamento clínico é baseado em analgésicos potentes, anti-inflamatórios não hormonais, corticóides, antidepressivos, vasodilatadores periféricos, medicamentos para controlar a osteoporose e bloqueios do nervo supra-escapular (MACEDO et al., 2000; HEBERT et al., 2003,) além de tratamento cirúrgico em casos de maus resultados no tratamento
conservador (FERREIRA/FILHO, 2005).
Dentre as condutas fisioterapêuticas indicadas estão a crioterapia, os recursos eletrotérmicos, a cinesioterapia convencional ou a utilização de técnicas manuais específicas, todas com a finalidade de aliviar a dor e retomar a biomecânica normal da articulação do ombro. Os procedimentos terapêuticos aplicados para esses propósitos são as mobilizações passivas, ativas assistidas e ativas, os alongamentos e o fortalecimento, porém cada procedimento é parte integrante do programa de reabilitação e deverá estar de acordo com os aspectos clínicos e o estágio da patologia (LECH; SUDBRACK; VALENZUELA, 1993; MACEDO et al., 2000).
A eficácia do programa de reabilitação depende principalmente do paciente. Este deve ser esclarecido quanto à importância da sua adesão ao programa, tendo em vista que os resultados são alcançados de médio a longo prazo, algo em torno de três a seis meses
(HEBERT et al., 2003).
Embora as bibliografias disponíveis sobre o assunto relatem que a cura dessa patologia, principalmente nas formas idiopáticas, ocorra gradativamente e espontaneamente, medidas terapêuticas enérgicas e precoces devem ser impostas para a resolução da forte dor contínua de difícil controle na fase hiperálgica, da urgência em combater a grave impotência funcional que se instala rapidamente e dificulta as atividades comuns da vida diária, da necessidade de abreviar a longa evolução da doença e da possibilidade de restarem seqüelas irreversíveis nos casos mais graves (FERREIRA/FILHO, 2005; KISNER; COLBY, 2005; LECH; SUDBRACK; VALENZUELA,1993).
Os vários métodos disponíveis para o tratamento dessa patologia são controversos, gerando divergência da melhor maneira de tratá-la nas suas fases, entretanto há um consenso de que o alívio da dor e a restauração da mobilidade articular devem ser o enfoque do tratamento inicial (FERREIRA/FILHO, 2005; KISNER; COLBY, 2005; LECH; SUDBRACK; VALENZUELA, 1993).

2 comentários:

  1. Olá Stefan! estou pesquisando sobre capsulite, pois minha mãe que tem 80 anos, levou um tombo, fez ressonância e foi diagnosticada com derrame intra-articular gleno-umeral, associado à capsulite., ruptura total do supra espinhoso com retração músculo tendínea, ruptura junto a iserção do tendão infraespinhoso. Ele está fazendo fisioterapia já há 3 meses, mas não houve melhora. Quais são os tratamentos indicados nesse caso? se puderes responder, te agradeço desde já.

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  2. Tenho Capsulite adesiva e terei que fazer fisioterapia, mas tenho uma grande dúvida, no que será melhor para o tratamento nestes casos de CA o calor ou o gelo? muito obrigada e gostei demais de seu blog, parabéns. Alice Mendes

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