quinta-feira, 30 de junho de 2011

Reforço muscular de abdutores de quadril previne dor lombar


Dor lombar irá ocorrer uma vez ou outra em 80% da população. Recentemente, a fraqueza dos abdutores do quadril foram considerados como fatores de risco para a dor lombar crônica. A fraqueza do Glúteo Médio é devido a uma pobre capacidade de estabilização lateral do quadril durante o apoio monopodal, levando a cargas anormais sobre a coluna lombar.
Fazendo parte de um estudo maior de fraqueza dos abdutores do quadril em pacientes com dor lombar não específica, pesquisadores canadenses realizaram estudo com 10 pacientes com dor lombar onde foi realizado um programa domiciliar de reforço muscular com resistência elástica durante 3 semanas. Os pacientes utilizaram uma resistência que fossem capazes de realizarem de 10 a 15RM. Os pacientes realizaram abdução de quadril no plano frontal e em 45º de extensão.
Os pesquisadores encontraram que os indivíduos com dor lombar eram 31% mais fracos que o grupo controle. Após as 3 semanas de intervenção os sujeitos com dor lombar aumentaram a força muscular nos abdutores de quadril (12%) e reduziram a dor lombar em 48%

Apesar de algumas limitações metodológicas do estudo, os resultados mostram-se promissores uma vez que os pacientes com dor lombar não específica que apresentam fraqueza de abdutores de quadril podem se beneficiar com um simples programa de 3 semanas de reforço muscular utilizando resistência elástica afim de reduzir significativamente os sintomas da dor lombar. 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Wiireabiltação


   O console de jogos Nintendo Wii® é um console de videogame lançado pela marca japonesa Nintendo®
em 2006. Desde a concepção do nome que objetivou ser um “console social”.  
   O Nintendo Wii® encontra-se no mesmo patamar de outros consoles de última geração, como a Xbox 360® (Microsoft®) e Playstation® (Sony®), mas enquanto as duas últimas se concentram basicamente no potencial gráfico, o Nintendo  Wii® explora principalmente a parte social e divertida dos jogos (Dilger D.E., 2006).
   Um dos seus principais pontos fortes é o comando, “Wii Remote®”. É neste que reside toda a revolução no modo de jogar, pois ao contrário dos comandos normais, este comando capta não só os botões pressionados, mas também os movimentos do utilizador, permitindo, por exemplo, jogar tênis e/ou participar numa luta de boxe apenas com o balançar das mãos (Sparks D., 2009). Esta captação dos movimentos do jogador deve-se aos sensores presentes dentro do Wii Remote® (capazes de detectar o ângulo de movimento, a velocidade de resposta, a força e velocidade) (Coyne C., 2008) e ao sensor de infra-vermelhos colocado em frente ao jogador. O Wii Remote® tem tecnologia Bluetooth, Infravermelhos e acelerômetros que o tornam único, eficaz e extremamente sensível (Holzinger A. et al. 2009).     Esta junção de tecnologia permite captar até os movimentos mais finos do utilizador. O comando conta ainda com um sistema de vibração e uma pequena coluna para sons específicos, que permitem transmitir informações táteis e sonoras ao utilizador (Adams E., 2006).
   A Nintendo Wii® funciona assim com um “eu” virtual, onde o jogador interage com o ecrã, o comando e outros jogadores, com o seu outro “eu”. A capacidade deste “eu” virtual responder a nível de técnica, disciplina, improvisação e desafio, diferencia os jogos da Wii®, tornando os movimentos corporais o centro da ação, apesar de tudo o que se passa no ecrã (Burrill D.A., 2010).
    Deste modo, a Nintendo  Wii® pode ser categorizada como um console pertencente a família dos exergames (tecnologia que estimula a atividade física por parte dos participantes), ou seja, envolve a junção do videogame com o exercício (Millington B., 2009). Este conceito visa alterar a visão dos videogames como uma atividade sedentária, promovendo um estilo de vida mais ativo (Lewis N., 2009), sem contudo perder a parte divertida e interativa (Parker-Pope T., 2005). 
   Apesar de toda a tecnologia descrita, é um console relativamente fácil e intuitivo de utilizar (Clark R., 2009).
  Assim, dada a sua acessibilidade, facilidade de utilização, interatividade, dinamismo e exigência física, possui potencial para ser utilizado pelos Fisioterapeutas em intervenção clínica(Clark R., 2009).
   A utilização de jogos na Wiiterapia pode ser  divertido e educacional (Myers, 1999). A parte de entretenimento enfatiza a experiência emocional, o que por sua vez aumenta a atração para o jogo, além da sua vertente educacional. Isto é válido para todas as idades, podendo assim os jogos serem considerados ferramentas poderosas para o treino e prática clínica (Gamberini L., 2008).
  A sua aplicação é transversal ao campo de ação do Fisioterapeuta, sendo utilizada em patologias neurológicas passando pela reabilitação cardiorrespiratória até patologias músculo-esqueléticas, desde os mais novos até aos mais idosos  (Deutsch J.E., 2008) (Tanner L., 2008).

  A interatividade do Nintendo Wii®, com a sua necessidade de participação, de compreensão, de planejar e executar respostas apropriadas aos acontecimentos do ecrã, força o jogador, não só a usar as suas capacidades físicas, mas também as cognitivas. 
    Apesar de os movimentos físicos serem a um nível subconsciente enquanto os utilizadores estão concentrados na ação do ecrã,  estes não deixam de estar intimamente ligados à atividade (Leder R.S., 2001). Esta conexão e a necessidade contínua de alcançar os objetivos do jogo, pode aumentar a vontade de participação e assim a motivação para continuar os exercícios e a atividade terapêutica  (Flynn S., 2007).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Kinesio Taping

O método Kinesio Taping® ou Bandagens Elásticas Funcionais é um método utilizado na área de reabilitação e esportiva, que devido a sua praticidade e eficiência tem se difundindo por todo o mundo, em alguns locais, já está sendo utilizado como padrão ouro "gold standard" na reabilitação, no tratamento de desordens funcionais e redução de linfedema.

Promove estímulos mecânicos (elásticos) duradores e constantes na pele. Esta bandagem mantém a comunicação com os tecidos mais profundos através de mecanorreceptores encontrados na epiderme e derme. Estes receptores fornecem informações exclusivamente sobre eventos externos que afetam o nosso organismo e dão ao sistema articular elementar a habilidade para detectar estímulos aplicados à pele sobre pequenas áreas e grandes áreas e com duração curtas e contínuas.
Segundo Kase (2003) estas informações produzem vários efeitos, tais como:  Diminuição da dor e da sensação de desconforto; Promove suporte durante a contração muscular; Diminui a congestão do fluxo linfático, assim como extravasamento sangüíneo subcutâneo; Ajuda nas correções dos desvios articulares; Promove auxílio na contração muscular; Promove estímulos, aumento da propriocepção.

O sucesso desta técnica esta associada as particularidades da fita de bandagem. Possui características elásticas (130-140% próximo do tecido muscular), expande-se apenas em 1 sentido, longitudinalmente. Característica delgada (espessura e peso similares a pele), porosa (permitindo as trocas gasosas), confeccionada algodão (alta tolerabilidade da pele). Possui uma cola sensível ao calor e não possui princípios ativos (medicamentos); Não tem função de imobilização; Hipoalergênica, à prova d'água e pode ser usadas por vários dias.
O Método Kinesio Taping® envolve um taping sobre e ao redor dos músculos, a fim de auxiliar e dar suporte ou para evitar uma contração muscular excessiva, bem como assistência e suporte prevenindo overuses, melhorando a amplitude dos movimentos, facilitando o retorno venoso e linfático, com a vantagem de ser utilizada por 24h por dia e até 5 dias com a mesma aplicação, desde que realizado a limpeza correta da pele e boas ancoragens. A primeira técnica que dá ao praticante a oportunidade de realmente dar apoio, mantendo uma gama completa de movimento. Isso permite ao indivíduo participar da sua atividade física normal com a ajuda funcional. A segunda técnica, o que é mais comumente usado na fase aguda da reabilitação, ajuda a evitar excesso ou sobre contração e ajuda a fornecer a facilitação do fluxo de linfa, por um período completo de 24 horas.

Estas bandagens podem ser usadas em conjunto com outras terapias, tais como crioterapia, hidroterapia, massoterapia e estimulação elétrica. A Kinesio Taping® pode ser utilizada em diversas áreas na reabilitação e vem sendo utilizada com sucesso nas áreas esportiva, traumatologia e ortopedia, estética, neurológica; pediatria, reumatologia e outras.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fratura Diafisária do Fêmur

A cada ano nos EUA cerca de 60.000 sofrem fratura da diáfise femoral. A maioria destas fraturas ocorrem em adultos jovens e são resultados de traumas de alta energia como acidentes automobilísticos, quedas de altura e acidentes de trabalho(Paterno et al., 2006). No Brasil a fratura fechada da diáfise do fêmur no adulto é mais frequente ao redor dos 27 anos de idade, decorrente de acidentes de alta energia, como acidente de carro, acidente de moto, atropelamento e queda de altura.
O segundo pico da incidência ocorre ao redor dos 75 anos de idade, sendo mais comum em mulheres e decorre de traumas de baixa energia, especialmente a queda ao solo (Ferreira & Kojima, 2008).
As fraturas da diáfise do fêmur podem levar a risco de vida pela possibilidade de complicações como: seqüestração sanguínea, lesão arterial, infecção, associação com traumas e fraturas.
Segundo Paccola, 2003, o tratamento das fraturas do fêmur muitas vezes está mais na dependência dessas complicações do que da fratura propriamente. O traço da fratura (60%); lesões de partes moles ou de estruturas neurovasculares(58%); outras fraturas ou lesões de órgãos vitais(34%) e idade(11%) foram os parâmetros mais mencionados na escolha do tratamento pelos ortopedistas brasileiros  (Pires et al., 2006).
A classificação mais utilizada pelos ortopedistas brasileiros (84%) para as fraturas fechadas diafisárias do fêmur foi a AO-ASIF de 1987 (Pires et al., 2006).
A pseudoartrose ocorre quando há uma parada do processo de reparação óssea da fratura. Vários são os fatores relacionados à ocorrência da pseudoartrose (Ruthner, 2001):
- Movimentação excessiva;
- Imobilização inadequada;
- Perda do suprimento sanguíneo;
- Trauma de grande intensidade;
- Espaço entre os fragmentos da fratura;
No estudo realizado por Orr et al., 2002, foram comparados os resultados de 14 fraturas multifragmentadas da diáfise do fêmur, com a colocação de placa DCP em ponte. No estudo houve 9 (64,2%) casos em que o local da fratura foi na região do terço médiodiafisário.
 A reabilitação iniciou-se no 2º pós operatório, com a realização de movimentos passivos de flexão e extensão de quadril, joelho e tornozelo, apenas sendo iniciados os exercícios ativos a partir do 10º PO. A deambulação com muletas e liberação de peso parcial entre a 8º e a 22º semana, sendo que a descarga total somente após sinais de consolidação, na média a partir da 20º semana.
Os resultados obtidos com este estudo foram satisfatórios, 8 casos (57,1%) excelentes; 4 casos (28,6%) bom; 2 casos (14,3%) regular. Em somente um caso houve retardo da consolidação, sendo necessário uma nova intervenção cirúrgica para enxertia óssea (crista ilíaca).
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no ano de 2008 publicou a partir do Projeto Diretrizes um estudo sobre: Fratura Fechada Diafisárias do Fêmur no Adulto, neste estudo entre outros tópicos foi colocado que a fixação com a haste intramedular permite mobilização precoce, carga parcial imediata, internação curta, pouca dor e bons índices de consolidação.
As taxas de consolidação são de 95% a 97%, e infecção em menos de 3% dos casos. Recomenda-se a haste intramedular bloqueada anterógrada como a 1º opção no tratamento da fratura da diáfise do fêmur no adulto.
Os resultados da fixação com placa em estabilidade absoluta da fratura mostram consolidação entre 92% e 98%, mas soltura do implante em 6 a 11%, não consolidação entre 2% e 8% e infecção em até 7% dos casos.
A fixação de forma biológica com redução indireta com a placa em ponte, seguindo o princípio da estabilidade relativa, tem melhores taxas de consolidação (95% a 100%), menos soltura do implante e infecção pós- operatória.
Pires et al., 2008 realizaram no 36º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia um estudo transversal, onde foi pesquisado a opinião dos ortopedistas brasileiros sobre o tratamento das fraturas diafisárias do fêmur no adulto. 508 ortopedistas e residentes responderam o questionário.
No estudo foi constatado que o parâmetro mais utilizado para a decisão do tratamento foi o traço da fratura(60%) seguido de lesões de partes moles ou de estruturas neurovasculares(58%).
Outra questão abordada foram as opções de tratamento para as fraturas transversas e oblíquas curtas, e o resultado demonstrou que 54% utiliza haste intramedular bloqueada fresada, outros 25% preferem a utilização de  haste intramedular bloqueada não fresada. A utilização de placa e parafuso com técnica aberta ou não representavam 37% da preferência dos ortopedistas brasileiros.
Diferentemente, o tratamento para fraturas oblíquas longas e cominutivas, a primeira opção de utilização foi a placa e ponte com 53%, seguida da haste intramedular bloqueada fresada com 37% da preferência dos ortopedistas.
As complicações mais frequentemente relatadas foram as infecções de partes moles (50%), pseudoartrose(38%), a trombose venosa profunda(30%) e a osteomielite(11%).
O tratamento fisioterapêutico do pós-operatório consiste em um realinhamento para restaurar o comprimento do membro, aumentar a amplitude de movimento, e um programa de fortalecimento muscular para o membro e principalmente restaurar o padrão da marcha para ao final da fisioterapia retorne as atividades diárias sem sinal de sequela ou auxilio para se locomover.